Viver é um fluxo constante, e a grandeza do homem está em se permitir mudar e recomeçar, como o rio Madeira que nunca para de correr.
No primeiro dia do ano, somos convidados a refletir sobre a transformação e o recomeço, assim como os Mítikos fazem ao trocar de nome, um ato que simboliza a renovação interior e a rejeição do passado que já não lhes serve. Essa tradição, embora cause dificuldades nos cartórios, carrega um profundo simbolismo: a possibilidade de deixar para trás vícios e limitações para abraçar uma nova identidade, um novo ser.
Heráclito, o filósofo do devir, nos ensina que “ninguém entra duas vezes no mesmo rio, pois as águas já não são as mesmas, e tampouco quem entra permanece igual.” Assim como o rio está em constante fluxo, também o homem se transforma continuamente. O novo ano se apresenta como um convite para abandonar a inércia e mergulhar nas correntes do vir-a-ser, permitindo que as águas do tempo lavem as marcas de velhos hábitos e preparem o terreno para novas construções.
Recomeçar exige coragem. É necessário olhar para dentro, reconhecer as sombras e abraçar a mudança como uma oportunidade, não como uma ameaça. A cada amanhecer, temos a chance de moldar um novo eu, mais próximo de nossos ideais e distante das prisões invisíveis que nos impedem de crescer.Neste dia, deixemos que a tradição dos Mítikos e a sabedoria de Heráclito inspirem nossas resoluções. Troquemos simbolicamente de nome, de propósito e de rumo. Que as águas da transformação nos carreguem para um destino onde sejamos mais autênticos, mais conscientes e mais humanos. Afinal, viver é um fluxo constante, e a grandeza do homem está em se permitir mudar e recomeçar, como o rio Madeira que nunca para de correr.