As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump podem desencadear represálias internacionais, aumentar custos para consumidores e indústrias americanas e isolar os Estados Unidos na economia global.
As medidas protecionistas anunciadas pelo presidente Donald Trump, que incluem tarifas generalizadas sobre importados, podem acabar tendo um efeito adverso sobre a economia dos Estados Unidos. Com o aumento das tarifas sobre a União Europeia e outros parceiros comerciais, especialistas alertam que a retaliação internacional pode prejudicar as exportações americanas, encarecer insumos industriais e elevar os preços ao consumidor.
Trump tem a UE como um de seus principais alvos, alegando, de forma equivocada, que o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) favorece os produtos europeus em detrimento dos americanos. Para “corrigir” essa suposta distorção, ele pretende impor tarifas recíprocas de 25% sobre produtos da UE, independentemente de cálculos detalhados do impacto. Essa decisão, no entanto, contraria as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e pode provocar retaliação econômica.
Os novos impostos sobre o alumínio e o aço, que entrarão em vigor em 12 de março, também suscitam preocupações. Se essas tarifas forem acumuladas com as que já incidem sobre países como México e Canadá, os preços dessas matérias-primas dobrariam, encarecendo setores fundamentais como a indústria automobilística e de construção civil. O cobre também está na mira de possíveis tarifas, assim como a madeira canadense, sob o argumento de ameaça à segurança nacional.
Outras categorias, como produtos alimentícios, semicondutores e medicamentos, também podem sofrer novas tarifas a partir de 2 de abril, mas ainda não há detalhes sobre como serão aplicadas. Curiosamente, muitos dos alimentos importados pelos EUA vêm de México e Canadá, levantando dúvidas sobre o real impacto da medida e se haverá sobreposição de tarifas.
Além disso, Trump assinou um decreto que ameaça países que aplicam taxas sobre gigantes da tecnologia, como a “taxa Google”, com retaliações fiscais e comerciais. Ele também indicou possíveis tarifas para países que exigirem regulações mais duras contra desinformação nas redes sociais.
Apesar de sua retórica agressiva, algumas das tarifas anunciadas por Trump não saíram do papel. Em 18 de fevereiro, por exemplo, ele havia prometido impor impostos sobre o petróleo e o gás, mas a data passou sem nenhuma ação concreta.
As políticas protecionistas de Trump podem acabar se tornando um tiro no pé para a economia americana. Além de encarecer produtos e insumos internos, o risco de sanções e represálias por parte de outros países pode afetar as exportações e diminuir a competitividade das indústrias locais. Se os parceiros comerciais dos EUA responderem na mesma moeda, os setores afetados podem pressionar politicamente contra tais medidas, criando instabilidade econômica e diplomática para o próximo governo.
Fonte: EL PAÍS, ESPANHA.