O reconhecimento institucional veio de forma contundente: o majestoso templo do Grande Oriente do Brasil – Rondônia foi rebatizado como Palácio Euclides Sampaio Fróes – Kida, perpetuando sua memória e ensinamentos. Como escreveu Carlos Neves, “o Palácio passou a carregar não só um nome, mas uma alma”.
Poucos homens atravessam a existência deixando rastros tão sólidos quanto suaves. Em Rondônia, um nome transcende o tempo, os títulos e as cerimônias: Euclides Sampaio Fróes, o eterno Kida. Mais do que Grão-Mestre, mais do que detentor de todas as honrarias da Ordem, ele é o símbolo de uma Maçonaria ética, viva, atuante e afetuosa.
Nascido em Porto Velho, em 2 de dezembro de 1937, Kida construiu, com serenidade e dedicação inabalável, uma trajetória que é referência para diversas gerações de iniciados. Sua presença é discreta, mas marcante. Sua palavra é calma, mas decisiva. Sua vida é, em si, um Templo interior lapidado com os instrumentos simbólicos que cada maçom carrega desde o ingresso na Ordem.
No interior de cada pedra simbólica assentada nesse templo, ecoa o ideal maçônico da lapidação interior. E Kida é o espelho desse processo: o homem que, ao invés de buscar glórias externas, moldou-se por dentro, até transformar-se em um símbolo do bem comum, da sabedoria e da conciliação.
Soneto em homenagem a Kida – Euclides Sampaio Fróes
No âmago oculto onde a luz principia,
Lapida o homem sua essência bruta,
E o tempo, como mestre que reluta,
Forja em silêncio a chama da harmonia.
Kida, esse nome em Rondônia irradia
Mais que o metal da honra absoluta:
É templo vivo, é paz que não refuta,
É rito que entre o barro a flor principia.
No “Palácio da Ventura”, sua estrada
Ecoa a voz do justo que constrói,
Semeia a concórdia, nunca exige nada.
Grão-Mestre em gestos, nunca por ser herói,
É luz que se recolhe lapidada,
Símbolo eterno que à Maçonaria dói.
O Soneto do Legado
Inspirado no estilo reflexivo e elevado de Antero de Quental, o soneto foi composto para eternizar sua trajetória. Nele, Kida é comparado à flor que surge do barro, à luz que se recolhe lapidada, ao rito que não exige fama. Um trecho resume com lirismo:
“É templo vivo, é paz que não refuta,
É rito que entre o barro a flor principia.”
História viva
Sua biografia está eternizada no livro “Kida”, escrito pelos irmãos Antônio Fernando Fernandes e Carlos Alberto Paraguassu Chaves. A obra de 184 páginas revela não só o homem público, mas a alma discreta por trás das condecorações. Depoimentos emocionados compõem a obra: “Decifrar Kida exige mais que adjetivos: exige Templo”, escreveu João Cahulla.
Kida esteve ao lado do Grão-Mestre Juraci Jorge durante todo o primeiro mandato e foi peça fundamental na consolidação da Ordem DeMolays em Rondônia, formando jovens e semeando valores que atravessam gerações.
Honrarias e humildade
Mesmo tendo recebido a Comenda Dom Pedro I, a Medalha do Mérito Marechal Rondon e todas as insígnias da Maçonaria regular, é sua humildade que mais impressiona. Como disse Paraguassu Chaves, “as sete verdades do bambu se refletem em Kida”: resiliência, leveza, sabedoria, flexibilidade, espírito de renovação, raízes firmes e crescimento interior.
Um legado que não se encerra
Hoje, Kida segue presente. Não apenas em cerimônias ou homenagens, mas nos gestos cotidianos dos que com ele aprenderam. Seu legado é o da paz sem imposição, da liderança sem vaidade, da espiritualidade sem exibicionismo.
Como sintetizou Emanuel Mirtil:
“Falar sobre esse grande personagem da Maçonaria de Rondônia é falar da própria história da Maçonaria rondoniense.”
O nome permanece. A luz permanece. E na memória coletiva da Maçonaria Universal em Rondônia, Kida já não é apenas um homem — é um princípio que segue vivo.