No tabuleiro antigo, feito em dor,
Damas marcham em jogos de mil crenças,
E o rei vacila entre as diferenças,
Carregando o estigma do rancor.
Judeus e muçulmanos, guerra fria,
Cavalo salta, move o véu sagrado;
Cristãos e islâmicos, um eco armado,
A torre ergue-se em cruz de agonia.
Cada peão, um mártir, ou vilania,
E o bispo, curvo, em preces de açoite,
Traça rotas de fé e tirania.
O xeque, enfim, desata o véu da noite,
No xadrez, os reis caem na utopia:
É mate, e a paz um mito que se afoite.