Nossos sentidos funcionam pelos contrastes, que definem diferenças e limites estabelecendo a percepção. Sem contrastes a uniformidade de cada elemento confundiria nossa percepção com o nada. Assim é na Natureza, onde numerosas formas de antagonismos se harmonizam num essencial equilíbrio dinâmico.
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Mosaico, de imediato, indica o terrível nº 2, expressão da Dúvida (e, por isso também do inimigo), do Desequilíbrio e da Contradição: o Bem e o Mal, A verdade e a Falsidade, a Luz e as Trevas, o Movimento e a Inércia, o Ativo e o Passivo e tudo o mais que é antagônico e medra no piso da Vida Humana. Expressa o Espírito e a Matéria unidos mas não confundidos. É o simbolismo mais importante. A cor preta representa a Matéria, o corpo físico, ou seja, tudo que aproxima o Homem do animal, portanto sua Existência Irracional ou Fisiológica, exclusivamente restrita às suas funções orgânicas. A cor branca é o Espírito, a via que tende a liberar o Homem de sua casca material, sua Existência Racional.
As lajes brancas e pretas, unidas pelo mesmo cimento, refletem as múltiplas faces da Terra: climáticas, geológicas, da fauna, da flora, do Homem. Adverte-nos para que não nos fixemos nas diversidades das cores e dos princípios que regem os povos, mas os consideremos apenas uma exteriorização de manifestação, pois somos todos de um mesmo cimento, obra do Grande Arquiteto do Universo.
O Mosaico representa a Fraternidade que deve unir, solidamente, os Maçons, que provenientes das mais diferentes regiões da Terra, portando as mais diversas convicções políticas e religiosas, oriundos das mais heterogêneas raças, exercendo as mais distintas profissões, e posicionados nos mais díspares estratos sociais, estão ligados pela Verdade. Verdade esta que não se mostra de modo uniforme, mas, como alternância, preto-branca do Mosaico, continuando dentro do Templo com o Binário das colunas B e J postadas à entrada. É um alerta de que o Maçom, tanto quanto o Profano, estão sujeitos aos rigores da Lei dos Contrários, confirmação inequívoca da relatividade das Verdades, que podem ser reveladas aos Aprendizes em suas Lojas.
Apesar de ser um campo de batalha, o mosaico enxadrístico expressa a Fraternidade. O Xadrez cria fortes laços de amizade entres seus praticantes, por vezes em lados opostos do mundo, sem distinções de raça, credo político ou religioso.
Selecionamos 02 trovas que nos ajudam a ilustrar o tema:
Na casa de cor branca, o Rei é Preto!…
e o Xadrez mostra ao seu jeito
Que num mundo justo e perfeito
Não deve haver preconceito!
As Casas do Tabuleiro,
Mesmo em cores desiguais,
Mostram o que é Verdadeiro,
Pretas…Brancas…são iguais!
A trova de Hegel de Pontes expressa a inutilidade dos valores materiais no Mosaico da Vida e do Xadrez:
Xeque! tu dizes à Vida,
E julgas, Homem, ser forte…
Mas no final da partida…
XEQUE-MATE!, diz a Morte!
Fonte: Revista A Verdade – A Maçonaria dos Enxadristas, págs. 22 a 26 – Julho e Agosto de 1991.