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Não espanta que Gregório de Matos, o boca do inferno, tenha sido deportado para Angola

Gregório de Matos compunha com muita facilidade e seus poemas se tornavam muito populares, já que ridicularizavam governantes, juízes, padres e quem quer se tornasse desafeto do poeta.

Gregório de Matos Guerra. 1636-1696. Foi advogado. Considerado o maior poeta barroco do Brasil.
Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.

Infelizmente, não temos mais este tipo de poemas. Como, além da língua politicamente ferina Gregório de Matos era um libertino declarado e autor de inúmeros versos imprudentemente obscenos, não espanta que tenha sido deportado para Angola por conta dos tantos problemas com a Igreja, o Estado e a pequena nobreza da capital baiana, então sede brasileira do governo colonial.

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